História da raça
Tipo: "A soma dos pontos que fazem um cão se parecer com sua raça e com nenhuma outra."
Tom Horner
Para apreciar ao máximo todas as implicações do padrão é necessário conhecer um pouco sobre a história da raça. Bull Terrier é uma raça desenvolvida pelo homem por meio da mistura do old fashioned Bulldog, do White English Terrier (hoje extinto, mas se assemelha a um Manchester Terrier em tudo menos nas cores), o Dálmata e possivelmente uma ou duas outras raças; porém são as características de Bulldog e Terrier que predominam e marcam presença nos dias de hoje.
Devemos dar crédito ao Bulldog pela coragem e determinação, substância e ossatura pesada, costelas em barril e peito profundo, as mandíbulas fortes e a pelagem fina e curta. Também pelo tigrado, vermelho, fulvo, preto e vermelho e possivelmente a obediência.
No entanto, o Bulldog também trouxe certas características indesejáveis do corpo, pernas e pés que têm atormentado o Bull Terrier ao longo de sua história; o crânio muito largo, prognatismo da mandíbula, olhos redondos e também nariz despigmentado e demais falhas de pigmentação.
Os White English Terriers eram terriers refinados que aportaram muita qualidade; os pequenos olhos escuros, orelhas perfeitas, expressão penetrante; um contorno limpo, com pernas retas e pés de gato, ombros firmes, joelhos bem angulados, jarretes inseridos baixos e as caudas de chicote, junto com agilidade, inteligência e o manto branco. Mas dos terriers também vieram uma tendência para a leveza de construção, ossatura leve e a excitabilidade exagerada às vezes ainda encontrada.
A conformação foi melhorada pelo uso do Dálmata, cujo tipo de pernas, pés e bom movimento ainda pode ser ocasionalmente reconhecidos nos Bull Terriers de hoje. Aqui, novamente, houve desvantagens, pois sem dúvida a pelagem manchada veio dessa origem e talvez também as expressões muito suaves ainda encontradas na raça.
Bull Terriers remanescentes de todos esses três tipos ainda são vistos (os do sub tipo dálmata são os menos comuns), todos eles cumprindo requisitos um tanto amplos do Padrão e todos aceitáveis e úteis para corrigir exageros de tipo ou desvios do padrão.
Assim, o tipo Bulldog dará substância, o tipo Terrier agregará qualidade e agilidade e o tipo Dálmata melhorará a conformação e o movimento. O excesso de qualquer um desses tipos é indesejável, sendo o ideal uma mistura dos pontos positivos de todos os três. O termo sub tipo foi criador para explicar os desvios do padrão causados pela proximidade de tipo com seus ancestrais.
O termo “soundness”, no que se refere aos cães, nunca foi definida com precisão. Em Bull Terriers refere-se à perfeição esquelética e muscular aliada à movimentação precisa e impecável conforme estabelecido no Padrão da Raça.
UM CÃO DE SHOW – LONGE DE SER UM CÃO DE RINHAS
James Hinks foi um empresário que desenvolveu o Bull Terrier como um acessório de moda para a nova classe média, que frequentava prestigiadas exposições caninas e queria um cão com um toque do passado, porém não contaminado pelas rinhas
James Hinks exibia seus Bull Terriers com tanta frequência que, se estivessem, de fato, envolvidos em rinhas, os cães fatalmente exibiriam marcas e cicatrizes e Landseer (Sir Edwin Landseer, o famoso artista que julgou os Bull Terriers no Islington Show de 1862 e protestou nos termos mais veementes sobre a prática do corte de orelhas) não fez nenhum comentário sobre feridas, no entanto afirmou que cortar as orelhas era cruel. Além disso, o Illustrated London News declarou que estava feliz em ver Landseer comentar sobre a prática cruel do corte de orelhas. Então é fácil concluir que se Hinks usasse seus Bull Terriers para rinhas, o Illustrated London News certamente teria comentado sobre os ferimentos ou sinais óbvios de uma batalha sangrenta.
Por último, os jornais das décadas de 1860 e 1870 continham muitos artigos de um senhor que se autodenominou "Bull Terrier". Este senhor em seus artigos criticava a prática de cortar as orelhas. Portanto se os Bull Terriers de show estivessem sendo usado para lutas de cães, esse senhor não teria comentado sobre os ferimentos? 'Bull Terrier', Sir Edwin Landseer e o Illustrated London News criticavam o corte de orelhas, que na época ainda era permitido (foi proibido em 1895), mas ignoravam ferimentos causados por lutas? Óbvio que não faz sentido.
Um dos amigos de James Hinks em Londres era o Sr. McDonald, proprietário da Caledonian Scotch Stores em Long Acre. Este cavalheiro era o gerente da Segunda Divisão de Cães no Agricultural Hall, Islington, em maio de 1863. McDonald convidou James Hinks para assumir a presidência como juiz de cães em uma exposição de cães realizada nas Caledonian Scotch Stores em 1º de junho de 1862. O Sr. McDonald era um cavalheiro altamente respeitado entre a classe média Londrina. Ele era gerente em grandes exposições de cães. Esse cavalheiro teria se associado a James Hinks se ele estivesse envolvido na organização de lutas ilegais? Claro que não! A reputação de McDonald's teria sido manchada para sempre se ele se misturasse com rinheiros.
James Hinks teve muito sucesso com sua linhagem de Bull Terriers e dominou o ringue de shows em toda a extensão da Inglaterra na década de 1860. Para ter tanto sucesso, seus cães tiveram que ser aprovados por juízes em exposições caninas e esses juízes eram selecionados pela aristocracia e por notáveis da época. Eles julgavam grupos inteiros de cães, não apenas uma ou duas raças. Essas pessoas não teriam tolerado a exibição de cães envolvidos em brigas e certamente não teriam lhes dado os primeiros prêmios.
James Hinks era certamente um personagem maroto, mas ele não poderia ter usado sua linhagem de Bull Terriers brancos para lutas de cães e as evidências são conclusivas.